Normalmente, os engenheiros civis geralmente não tem uma formação que aborde o tema de desmonte em rocha na faculdade. Assim, é na experiencia de obras que aprendemos as técnicas e os materiais que compõem um desmonte. Vejam abaixo alguns conceitos e três sistemas de desmonte:
CONCEITOS BÁSICOS
Explosivo é a substância, ou a mistura de substâncias químicas, que tem a propriedade de, ao ser iniciado convenientemente, sofrer transformações químicas violentas e rápidas, transformando–se em gases, que resultam na liberação de grandes quantidades de energia em reduzido espaço de tempo. O explosivo utiliza esta energia para arrancar o maciço rochoso que está adiante dele, no sentido da face livre ou de menor resistência.
Devido à alta temperatura de detonação, o volume atingido pelo explosivo pode chegar a aproximadamente 18.000 vezes o seu volume inicial. Após a detonação, uma onda de choque percorre a rocha com uma velocidade de 3.000 a 5.000 m/s.
Ao chegar a frente livre da bancada, a onda de choque tende a arremessar o material da superfície por um efeito semelhante ao que acontece com uma série de bolas de bilhar: ao golpear – se a primeira das bolas, o choque é transmitido porto das, sem que se movam do lugar, sendo somente a última da outra extremidade projetada para frente.
Diferente da foto acima, onde vemos um fogo em uma pedreira, sem cobertura, os desmontes em rocha na construcao civil sao, geralmente, cobertos por terra para que nao haja a projeção ou lançamento de material (rocha fragmentada).
A cobertura geralmente e de 2,0m de altura, mas depende da vizinhanca onde sera feito o desmonte. Em abertura de estradas, em locais isolados, longe de populações ou cidades, o fogo pode ser feito sem cobertura, mas dentro de cidades todo fogo deve ser coberto e, quanto mais proximo de casas e pessoas maior sera a cobertura.
Macete 01: a cobertura deve ser feita por terra limpa, sem pedras e espalhada por cima da malha carregada com cuidado para que não corte a malha, seja ela de cordel, brinel ou eletrônica. A ruptura da malha faz que um trecho da bancada não seja detonada e, se for fogo eletronico, impede toda a detonação.
O nome Blaster provém do inglês da palavra Blast, que significa Dinamitar. Assim, o Blaster e o profissional capacitado para fazer o carregamento e detonação do “fogo”. Existem hoje três categorias para definir a área de atuação de um Blaster, são elas:
Carta Blaster de 3º Categoria:
Esta categoria habilita o profissional a executar trabalhos de carregamento e detonação a céu aberto em pedreiras e minerações onde não haja habitações e concentração humana.
Carta Blaster de 2º Categoria:
Esta categoria habilita o profissional a executar trabalhos de carregamento e detonação em mineração e construções a subsolo.
Carta Blaster de 1º Categoria:
Esta categoria habilita o profissional a executar trabalhos de carregamento e detonação em áreas urbanas.
Um plano de fogo deve ser simples, mas completo, devido ao risco de erro. Um profundo conhecimento e entendimento dos requisitos de um fogo são essenciais para a segurança e o sucesso deste plano. Se o Blaster não for experiente, um assistente técnico deve ser consultado.
Quando se projetam detonações com alta Razão de Carregamento, deve ser conhecido o risco de ultra lançamento e tomadas às ações de controle. Os explosivos só devem ser utilizados sob as condições para as quais foram destinados (temperatura, sensibilidade à iniciação, resistência à água e pressão hidrostática, etc.).
A equipe de carregamento deve constantemente inspecionar os produtos para localizar danos, vazamentos ou anormalidades antes do carregamento.
HOTSHOT é o primeiro sistema de iniciação eletrônico autoprogramável do mundo, desenvolvido para otimizar os resultados de desmontes. É um sistema que apresenta alto nível de segurança e praticidade durante a aplicação.
A flexibilidade de sua programação atende a diversos tipos de desmonte em minerações a céu aberto e subterrâneas, pedreiras e construção civil em geral.
O sistema HOTSHOT permite ao usuário obter a precisão dos sistemas de iniciação eletrônicos, com um sistema de conexão similar ao dos atuais sistemas de iniciação de tubos de choque não-elétricos.
Macete 02: Muito cuidado ao fazer a cobertura de terra nesse tipo de fogo, qualquer ruptura impedira a detonação do sistema, que tera que ser reparado para que, em seguida, seja detonado. Sera necessário remover a cobertura e achar o ponto que esta rompido.
Sistema patenteado pela Britanite, utilizado para iniciação de cargas explosivas e ligações. Apresenta espoletas de retardo nas duas extremidades, sendo uma com carga explosiva reforçada para a iniciação de explosivos à base de emulsões e BRITEX , e outra de carga explosiva reduzida para a iniciação do tubo de choque BRINEL MF, com multiconector para até oito tubos.
O conjunto produz o mesmo efeito do BRINEL mais o BRINEL Ligação, tornando ainda mais prático o trabalho em campo e facilitando o controle de vibração e a redução de itens em estoque no paiol.
Seu uso é indicado para desmontes primários e secundários em minerações a céu aberto e subterrâneas, bem como para pedreiras e construção civil em geral.
É indicado para detonações que exigem maior potência na iniciação e resistência à tração.
O retardo é um dispositivo criado para fornecer uma diferença de tempo entre dois segmentos de uma ligação detonada simultaneamente; originando uma seqüência de detonação dos furos em um plano de fogo. A utilização de retardos numa detonação proporciona os seguintes efeitos:
Retardos entre linhas:
- O uso de retardos entre linhas facilita o lançamento do material, propiciando uma pilha de material mais baixa e espalhada;
- O alívio criado entre a linha da frente e a linha de trás, melhora o arranque do fundo do furo, diminuindo o surgimento de repé e problemas de ultraquebra;
- A diferença de tempos entre os furos provoca uma diminuição na onda de choque, dispersada no maciço rochoso, diminuindo a vibração do terreno.
Retardos entre furos de uma mesma linha:
- Melhora da fragmentação;
- Diminuição da vibração do terreno;
- Diminuição do lançamento horizontal
Algumas vezes em função de deficiências da detonação primária, o arranque da rocha no nível da praça não se dá por completo originando assim algumas saliências também chamadas “peitos” que necessitam ser removidos por detonação posterior, denominado Fogo de Repé. Para a detonação de repé utilizam–se marteletes de 1”, com furos que ultrapassem 0,30 m o nível da praça e malha quadrada de perfuração, com afastamento de no máximo 80% do comprimento do furo.
O desmonte escultural tem como objetivo cortar a rocha, deixando um perfeito acabamento no talude remanescente e não permitindo que as falhas e fraturas não venham a ficar em evidencia.
Consiste na detonação de uma linha de furos paralelos e coplanares ao longo da superfície de corte que se quer criar, com carga explosiva controlada para causar o mínimo possível de vibrações e/ou trincamentos no maciço rochoso. Com isso temos a rocha remanescente com o mínimo de trincamento que conferir-lhe-á boas condições de segurança e estabilidade.
Para carregamento destes furos podemos proceder de duas maneiras: Carregando com o método do churrasquinho ou carregando utilizando cordel detonante de alta gramatura.
Churrasquinho
É o carregamento dos furos do desmonte escultural com cargas explosivas espaçadas e interligadas através de cordel detonante.
Cordel Detonante de Alta Gramatura
É o carregamento dos furos do desmonte escultural com carga explosiva desacoplada, realizada somente pelo cordel detonante de alta gramatura.